Pequenos atos de enorme grandeza

Se a ministra Ellen Gracie, presidente do Supremo Tribunal Federal, houvesse assumido interinamente a Presidência da República nesta última quinta-feira, 04 de maio de 2006, a data certamente teria entrado para a história do movimento de mulheres brasileiro. Mesmo que por apenas um dia, a força simbólica de tal fato poderia ter repercussões imensuráveis em uma sociedade que ainda luta cotidianamente por relações sociais de gênero mais justas e igualitárias.



Sensível à importância de uma mulher, primeira ministra e primeira presidente do Supremo Tribunal Federal, assumir o comando do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia acertado a transmissão do cargo para a ministra Ellen Gracie. Seu governo, marcado por ações significativas para as mulheres brasileiras, entre elas, a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, ligada diretamente à Presidência da República, mais uma vez teria demonstrado o seu firme apoio à luta feminista e socialista.



Infelizmente, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocou por terra um pequeno ato de enorme grandeza e não conseguiu perceber que o exercício da Presidência da República por uma mulher revestir-se-ia de grande importância, menos pelo que a ministra faria em tão pouco tempo no cargo, mas, sim, pela possibilidade de tornar-se referência para nossas meninas e jovens mulheres.



A Secretaria Nacional de Mulheres do PT lamenta veementemente a atitude do presidente do Senado, lembrando que a luta feminista não começou ontem e não terminará por conta de políticos conservadores e com uma visão pobre do poder.



Conceição Nascimento

Secretária Nacional de Mulheres do PT