terça-feira, agosto 15, 2006

Candidata ao troféu

A maioria dos chamados "colunistas políticos" da imprensa faz ataques diários ao PT e ao governo Lula. Alguns fazem, também, campanha aberta para Alckmin. Até aí, faz parte, como diria o filósofo. Mas como até o momento Lula segue liderando as pesquisas, alguns destes colunistas começam a exibir sinais de desespero.



Um exemplo disto está na coluna deste 15 de agosto, da jornalista Dora Kramer, intitulada "Agora vai. Ou racha". Nesta coluna, Kramer comenta os objetivos de cada candidatura presidencial neste período da campanha, em que tem início o horário eleitoral gratuito.

Segundo Kramer, "Lula fica com a tarefa de sustentar a dianteira.



Não é fácil. Não se pode comparar a situação dele com a de Fernando Henrique em 1998. A despeito do então presidente já sofrer à época resistências na classe média e ainda contar com apoio nas classes C, D e E por causa do plano de estabilização, FH não tinha de enfrentar questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula".



Realmente, não se pode comparar Lula com FHC. Afinal, enquanto o primeiro sofre uma enorme oposição dos principais meios de comunicação, o segundo foi beneficiario de uma "blindagem" que evitou a repercussão de casos escabrosos como as privatizações, o caso Sivam e a compra de votos para garantir a reeleição.



Assim, se FHC não teve de enfrentar "questionamentos éticos na proporção dos que atingem a figura de Lula", é porque a "proporção" dos questionamentos é uma variável das decisões tomadas pelos donos dos grandes meios de comunicação e por jornalistas influentes como Dora Kramer. Basta dizer que a mesma emissora de televisão que decidiu, em 1998, não promover debates entre presidenciáveis, em 2006 decidiu sair na frente.



Falando dos debates, Kramer diz que FHC "não foi a debates porque podia escolher não ir e, assim, evitar ser alvo dos ataques dos adversários, notadamente Lula e Ciro Gomes. Tinha mais a perder, mas poderia também ganhar. Lula é diferente, não tem escolha".

Não é chique?! FHC não foi a debates porque "podia escolher". Gente fina é assim: "escolhe". Já Lula, bom, como ele não é gente fina, "não tem escolha".



Segundo Kramer, se FHC fosse, "poderia ganhar". Mas se Lula for, "a perda é certa e inevitável". E por quais motivos mesmo? Vejamos o que diz Kramer: "Primeiro, pelo fato de os assuntos, como mostrou a entrevista do Jornal Nacional,da agenda de questionamentos ao presidente serem todos altamente constrangedores. A corrupção dominaria o debate, com Lula na berlinda".



Mas quem é que define esta "agenda de questionamentos constrangedores ao presidente"? Por coincidência, gente como Alckmin e Dora Kramer. A quem não interessa comparar governos, a quem não interessa debater programas, a quem não interessa nem ao menos discutir segurança e corrupção a sério. O negócio é "constranger" o PT e o governo.



Mas Dora Kramer não pára por aí. Segundo ela, há um segundo motivo pelo qual Lula perderia o debate, se fosse. Vou repetir as palavras de Kramer: "é que Lula, por uma questão de treino, formação político-profissional, personalidade e carência cultural e educacional, não é bom no contraditório. Ele se enerva e se perde ao ser confrontado com questões difíceis, que exigem maior elaboração de raciocínio e até lógica para não cair em contradição".



Não é incrível?! Lula, segundo Kramer, não tem treino, formação política, formação profissional, personalidade, cultura, educação, nervos, elaboração de raciocínio e "até lógica" suficientes para debater.



Para Kramer, Lula não seria nem ao menos autoritário. Na verdade, segundo Kramer, "as acusações de vocação ao autoritarismo são a simplificação de uma realidade subjacente mais complexa". Trocando em miúdos, segundo Kramer, Lula não tem estatura para ser presidente da República. Talvez e olhe lá, para ser torneiro mecânico.



Depois reclamam quando a gente fala que esse pessoal tem preconceito de classe. O preconceito deles é tão grande que já virou cegueira e autismo. Mas nesta loucura, há também cálculo. Nos próximos 45 dias, para tentar vencer, eles vão lançar mão de todo o arsenal contra nós. O título do artigo de Kramer é elucidativo: "Agora vai. Ou racha".



Seja como for, a prestigiosa colunista já é forte candidata ao troféu que já foi de Ruth Escobar e de Regina Duarte.



Valter Pomar
Secretário de relações internacionais do PT

Heloísa, a histriônica

Por Ernesto Marques

No ano passado, o deslocamento de vários dos melhores intelectuais, quadros partidários e militantes de base do PT para alternativas à esquerda - ou pretensamente à esquerda - foi, sem dúvida, um sério abalo ao partido, que perdeu parte de seu extrato original. Mas o PT continua sendo um grande partido na política nacional, importante no jogo do poder, independente de quem se eleja presidente. Por outro lado, se conseguiu sobreviver a longos meses de bombardeio midiático com más notícias e três CPIs alimentando a fornalha, o partido de Lula gerou rebentos como o PSOL.



A sigla parida na dor da senadora Heloísa Helena ao ser expulsa do PT, carrega o que há de melhor e de pior no DNA petista. Cresci ouvindo a sabedoria popular dizer "quem herda não furta" - é verdade, absoluta verdade. Passado bem pouco tempo do instante entre gestação e parto, a militância do PSOL já vai viver uma talvez dolorosa prova de maioridade política. E quem vai colocar essa "companheirada" boa de luta na parede, ironicamente, é a histriônica candidata Heloísa Helena.



Comecei a pensar neste artigo ainda na semana passada, com a idéia inicial de abordar as contradições em torno da candidatura Heloísa Helena. Fazia conjecturas - nada, além disso, óbvio - sobre como essas contradições seriam sentidas pela militância do PSOL. Mas, antes de fechar o texto, queria ver a performance da candidata no Jornal Nacional. A contradição central é a descoberta de que o novo partido tem uma grande deformação congênita: o personalismo. Há razões históricas para justificar a centralidade e o peso da figura do presidente Lula em relação ao PT. O homem e o partido são duas instituições nacionais, queiram ou não os antipetistas mais empedernidos.



Já a relação entre Heloísa Helena e o seu partido-filho, gerado no ventre de uma personalidade política violentada em seus princípios, é totalmente diferente. Edipiana, talvez. Até aí, tudo bem. Mas o que suponho cortante, será a constatação, à minha vista muito próxima, de como o traço personalista se revela em cena, na cena pública, com os mesmos trejeitos de candidatos que bem poderiam estar incluídos entre os tais "delinqüentes da política".



Muitos dos mais valorosos militantes do PSOL são fundadores do PT. Sabem, desde a juventude, que um partido não se constitui em alternativa de poder de uma hora para a outra. É obra de uma vida. Não há hipótese de vingar, uma versão vermelha do PRN que elegeu Collor. Em comum nos dois casos, apenas o discurso moralista como norte da cruzada pessoal do caçador de marajás, em 1989, e da incansável perseguidora dos "delinqüentes da política" de hoje.



Outro dia ouvi uma amiga se referir a Heloísa Helena como "o braço esquerdo da direita". Discordo. A expressão sugere a idéia de alguém que se deixa usar em favor de outro, ou que está a serviço de outro. A não ser por obra e graça de um fenômeno eleitoral raro, à candidata do PSOL está reservado um honroso terceiro lugar na corrida presidencial. Mas a performance do tucano, de tão sofrível, anima as expectativas do PSOL. A candidata realmente acredita que pode passar Alckmin e ainda disputar o segundo turno. Até aqui as pesquisas demonstraram, principalmente as mais recentes, que HH e Alckmin disputam os mesmos votos. E se for assim, o segundo turno continua como hipótese menos provável.



Fato concreto é que a campanha cresce entre os mais ricos e mais escolarizados. Portanto, na busca por uns pontinhos a mais, é melhor começar a esquecer algumas coisas que a candidata já disse. A entrevista no Jornal Nacional prenunciou o que talvez explicará o naufrágio, mais adiante. A senadora, arrisco o palpite, será vítima do seu histrionismo e o seu partido, vítima do personalismo da candidata.



A psicanálise define o Transtorno da Personalidade Histriônica como um padrão invasivo de emocionalidade excessiva e comportamento de busca de atenção, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. O termo poderia se aplicar à personalidade política da senadora. O talento em produzir cenas de efeito vem de há muito, e já foram incorporados ao seu estilo pessoal. Quem a conhece apenas pela imprensa já viu lágrimas e pedras rolarem em profusão, e por muitas vezes. Se as lágrimas comovem, transmitem sofrimento e sinceridade, as tantas pedras lançadas ao alto nos discursos gritados, fatalmente cairão - pelo menos algumas - sobre a cabeça. Quando rotula os adversários de "sabotadores do desenvolvimento nacional, delinqüentes da política", entre outras pérolas, HH se exclui de tudo de ruim que existe na classe política. Pura mesmo, só ela, verdadeira avis rara.



"Não sou cínica nem mentirosa", disparou da telinha da Globo. Mas, perguntada se pretende expropriar até mesmo de terras produtivas para fazer a reforma agrária em ritmo e qualidade suficiente para evitar as ocupações de órgãos públicos, Heloísa Helena negou e jurou fidelidade à legislação em vigor. Mas a expropriação de terras produtivas e improdutivas está no programa do PSOL. A senadora tenta enganar sua militância, toda a sociedade brasileira, ou virou uma candidata da ordem, fiel ao legalismo? Fazer reforma agrária capaz de silenciar os movimentos de luta pela terra é impossível dentro de um ordenamento jurídico que dá vida eterna à concentração fundiária.



Há outros dramas, como a controversa posição sobre o aborto, por exemplo. Uma coisa é a senadora exercer o seu direito de se posicionar contra o aborto. Outra coisa é passar por cima do mesmo direito de quem pensa diferente com declarações do tipo "não há nada mais primitivo do que o aborto". O que dizer do processo movido contra a ex-prefeita de Maceió, Kátia Born, homossexual assumida, "por sua vida sexual atípica", quando ambas disputavam o governo daquela capital? A candidata que beija crianças e cândidas velhinhas com a desenvoltura comum aos políticos tradicionais, aos delinqüentes da política, é a mesma que veste gibão e jaleco de couro como afirmação de sua nordestinidade, que monta em jegue, como fez FHC, e com certeza não resistiria a uma buchada de bode, principalmente se fotógrafos e cinegrafistas estivessem por perto.



É a mesma que, diante das câmeras, separa programa de partido de programa de governo, compromissos de partido de compromissos de governo. É a mesma que pouco antes da posse de Lula, aceitou pousar para uma patética e preconceituosa reportagem de capa de Veja, sob o título "os radicais do PT". Mais quinze minutos de fama. Os radicais do PT continuam no PT, tensionando partido e governo pela esquerda e assim, influenciando para que Lula faça um segundo governo mais petista. Já os radicais do PSOL têm motivos de sobra para colocar as barbas de molho. As contradições tendem a aumentar quando uma liderança ameaça se tornar maior do que o partido.



Ernesto Marques é jornalista e diretor da Associação Bahiana de Imprensa

domingo, agosto 06, 2006

Ações acertadas do Governo Federal quebraram a cara de muitos escravagistas

Em discurso para uma platéia de empresários e profissionais liberais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite desta sexta-feira (4), que continuará investindo na redução das desigualdades, no crescimento econômico e na construção de um país mais justo, caso seja reeleito.

“O nome de meu possível segundo mandato será desenvolvimento, com distribuição de renda e educação de qualidade”, afirmou Lula, num dos momentos mais aplaudidos pela platéia.

“Vivemos o mais longo ciclo de crescimento em 19 anos. Há 35 meses a economia não sofre abalos”, destacou o presidente. Ele falou dos bons indicadores da produção, do emprego e dos salários obtidos em três anos e meio de mandato, e da combinação inédita de crescimento com distribuição de renda.

Lula salientou que seu eventual segundo governo continuará trabalhando para manter a estabilidade da economia. “Temos tudo para crescer mais rápido, mas não podemos descuidar. Temos de continuar fazendo determinados esforços”.

“O risco-país estava altíssimo e o crédito havia secado. Hoje, as reservas em dólares são maior do que a dívida externa pública”, disse. Também lembrou que, há três anos, os juros caíam no mundo e subiam no Brasil, enquanto hoje ocorre o contrário.

“Redobrarmos os esforços para melhorar o ambiente econômico”, disse. Depois, completou: “Chega de idas e vindas. Chega de crise a cada dois ou três anos”.

Participaram do evento lideranças dos setores da construção civil, transportes, têxtil, atacadista, financeiro e agronegócio, entre outras atividades, além de micro e pequenos empresários e profissionais liberais. Também estava presente o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Francisco Coelho, e outras figuras de destaque do pensamento econômico, entre eles Luiz Gonzaga Belluzo e Luciano Coutinho.

As ações acertadas do Governo Federal quebraram a cara de muitos escravagistas que apostavam no quanto pior melhor.

Lula diz que adversários só enxergam pobres em época de eleição

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, disse neste sábado (5), durante comício em São Paulo, que governar bem significa usar a razão e o coração.

“Esses que me atacam devem ter estudado mais do que um metalúrgico. Mas o que eles não sabem é que, para governar bem, é necessário usar não só a cabeça, mas também o coração”, afirmou Lula, provocando o entusiasmo das cerca de quatro mil pessoas que lotaram a praça do Largo de São Matheus, zona leste da capital paulista.

O local tem grande valor simbólico para Lula, que nele realizou o seu primeiro comício político-partidário, em 82, quando foi candidato ao governo paulista.

O presidente abriu o pronunciamento assegurando: “Posso olhar para cada um de vocês sabendo que não fiz tudo o que queria, mas certamente fazendo muito mais do que se esperava. Quatro anos de trabalho é pouco tempo. Mas o Brasil mudou mais nesse período do que nos últimos dez, 40 ou 50 anos”.

Segundo Lula, é exatamente por isso que ele tem sofrido tantos ataques da oposição. “Eles pensavam que o meu governo seria um desastre e quebraram a cara. Eles também sabem que estamos só começando o nosso trabalho. Que o Brasil vai avançar ainda mais. Por isso, estão tão nervosos”.

Disse tambem que seus adversários só enxergam os pobres em época de eleição. "Depois, eles viram estatística”. Lula citou os últimos 12 anos de governo tucano em São Paulo como exemplo de falta de compromisso com os mais carentes.