sexta-feira, janeiro 23, 2009

Diretas-Já foi confluência de movimentos sociais, diz José Genoino

"O maior movimento popular de rua da história do país". É assim que o deputado federal José Genoino (PT-SP) refere-se às manifestações das Diretas-Já, que na década de 80 reivindicaram eleições diretas para presidente do Brasil. Veja a entrevista.

Genoino, que na época já era deputado federal --foi eleito pela primeira vez em 1982--, percorreu o país em manifestações pelas diretas, incluindo o comício que levou entre 200 e 300 mil pessoas à praça da Sé, em São Paulo, no dia 25 de janeiro de 1984.
18.abr.06/Folha Imagem
Genoino (PT-SP) afirma que Diretas-Já foi confluência de movimentos sociais do país
Genoino (PT-SP) afirma que Diretas-Já foi confluência de movimentos sociais do país

Ao lado de Luiz Inácio Lula da Silva, o petista representava a esquerda do país nos palanques das diretas. Segundo ele, o movimento que levou milhares às ruas era resultado de um descontentamento generalizado da população.

"A campanha das diretas era mais que as eleições diretas. Era a eleição direta simbolizando a mudança do regime e também o descontentamento que vinha com a crise do regime militar", afirma Genoino.

O deputado diz que o processo que culminaria com passeatas e comícios nas ruas começou no fim da década de 70, com a Lei da Anistia, promulgada durante o governo militar de João Baptista Figueiredo e que permitiu a volta de muitos brasileiros ao país. Ele próprio, preso em 1972 na guerrilha do Araguaia, foi um dos beneficiados pela lei.

O fortalecimento do movimento sindical --com Lula à frente-- e as grandes greves que ocorreram na década de 70, para ele, também contribuíram para a maior adesão pelas diretas. "Todo esse processo desaguou no movimento das diretas", diz.

Derrota

Mesmo com o apoio nas ruas, a Emenda Dante de Oliveira --que estabelecia as eleições diretas para a Presidência da República-- foi derrotada no Congresso em abril de 1984, para frustração de Genoino e de todos que apoiavam a causa.

"Quando caiu a emenda, houve um clima de consternação, clima de tristeza. Lembro que algumas lideranças que estavam nas galerias desceram [para o plenário], choravam, a gente se abraçou chorando. Era uma derrota."

Ao mesmo tempo, cientes de que a emenda poderia ser derrotada, Genoino conta que a maioria no Congresso já tinha engatilhada a saída para a eleição no Colégio Eleitoral, o que acabou ocorrendo. "O pano de fundo era a mudança do regime e a eleição do Tancredo [Neves] já era a mudança do regime", afirma.

Laços

Para o deputado petista, eleito pela sexta vez em 2006, entre as heranças deixadas pelo movimento das diretas está as relações políticas no país.

"As relações com o nível político não foi desfeito. Ela continuou com a [Assembleia] Constituinte. Mesmo em relação ao processo de disputa eleitoral e política, quando se coloca em jogo a democracia eu acho que entre os integrantes daquela campanha há um laço comum de defesa da democracia e das regras democráticas", diz Genoíno.

3º mandato

Vinte e cinco anos depois do comício na praça da Sé, Genoino defende uma reforma política para consolidar a democracia no país. Ele, no entanto, rechaça a possibilidade de essa reforma incluir um terceiro mandato para o presidente Lula.

"Fui contra a reeleição do [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso] e a votação da emenda porque não se muda as regras do jogo durante o jogo. Portanto, sou contra qualquer tipo de terceiro mandato", diz.

Sobre a pretensão de aproveitar a conquista das eleições diretas no país e se candidatar a Presidência da República, o petista, aos 63 anos, desconversa: "em 2010 saio para deputado de novo".

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Ministro pede retirada do embaixador italiano do Brasil em protesto contra refúgio a Battisti

O ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, anunciou hoje que solicitará a retirada do embaixador do seu país do Brasil em protesto à decisão do governo brasileiro de conceder refúgio político ao terrorista Cesare Battisti --condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos.

"Considero factível essa possibilidade, a qual submeterei ao ministro de Relações Exteriores, Franco Frattini", disse La Russa.

O ministro já havia manifestado em várias ocasiões contrariedade com a decisão do governo brasileiro. "Multiplicam-se os protestos. Ambientes extremistas lançaram a ideia de boicotar o turismo italiano para o Brasil. Com exceção dos amigos políticos de Battisti, todos os setores do Parlamento rejeitaram a decisão brasileira assim como os maiores representantes do Estado. Todos censuram claramente essa decisão", disse.

Battisti está desde 2007 numa prisão de Brasília à espera de que o Brasil se pronuncie sobre a demanda italiana de extradição...

Leiam mais:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u492882.shtml



Qual foi a retaliação que a Italia fez a França quando o Battisti recebeu asilo por lá durante anos nos tempos de Miterrand? Retirou o embaixador italiano da França? Pediu para que os italianos não comprassem produtos frances ou viajassem para aquele país? Porque usa de dois pesos e duas medidas no mesmo caso? O governo italiano respeita mais as decisões da França do que as do Brasil, já que o caso é o mesmo? Battisti só deixou a França quando Chirrac assumiu, o que demonstra que na França não houve realmente a questão jurídica, mas o posicionamento ideológico.

A justiça Italiana é imparcial? Então ela tambem é imparcial ao julgar e pedir a extradição de treze militares brasileiros acusados de sequestrar e matar 25 cidadãos italianos na chamada operação Condor? Não podemos, ser sermos isentos, dizer que a Justiça Italiana é imparcial somente no caso de Battisti e não no caso dos militares brasileiros.


Porque a mídia só deu destaque ao pedido de extradição de Battisti e não deu ao pedido de extradição dos militares?


A Itália nao extraditou Cacciola baseando-se em SUA LEI interna de cidadania. O Brasil não extradita os militares brasileiros e Battisti POR NOSSAS LEIS de anistia e de refugiados. Além do que já demos anteriormente asilo a ditadores militares. Assim como o Japão não extraditou Fujimori, que era acusado de vários crimes no Peru, inclusive de assassinato.

A Italiá deveria a começar a costurar com o Brasil um tratado de extradição, isso evitaria problemas futuros, mas não pode dispensar ao Brasil um tratamento diferente do que fez quando o mesmo Battisti teve asilo na França.

O caso Battisti é rumoroso, mas também deveria ser o dos demais generais asilados no Brasil, deveria ser quando a França também deu asílo ao próprio Battisti, como deveria ser rumoroso o pedido de extradição de 13 militares brasileiros feitos pela própria Itália, etc...

Nem só de Battisti se vive a história dos asílos, tanto no Brasil como no mundo...

domingo, janeiro 18, 2009

Ganância e falsidade da elite

A crise financeira mundial, deflagrada pelos EUA, é uma triste realidade. Os EUA fazem a cagada, agem com irresponsabilidade financeira, ganância, e o mundo todo sifu. O Brasil vai sentir pouco os efeitos da crise, menos que a Europa, Ásia, EUA, onde ela chegou como um tsunami. Aqui, como diz o presidente Lula. Ela chega como uma marola.

O Brasil se preparou para a crise: acumulou reservas, livrou-se do FMI, fortaleceu o mercado interno e, principalmente, buscou e encontrou outros mercados internacionais para comprar e vender, não ficou dependente dos EUA. No governo Lula, de 2002 até 2008, a economia bombou, a geração de emprego foi recorde, a exportação foi recorde, a produção de grãos foi recorde, a produção industrial foi recorde, a produção e a venda de carros, ônibus, caminhões, foram recordes, bem como a produção e venda de maquinas agrícolas. As metas da inflação foram mantidas, o ganho real dos salários foi mantido, o poder de compra do trabalhador deu um salto recorde.

Agora, invocando uma crise mundial que não atingiu o Brasil como um tsunami – e tudo indica que o Brasil não será atingindo –, tem muita gente querendo tirar um maligno proveito da situação. São os espertos de sempre, aterrorizando os trabalhadores com o papo de flexibilização das leis trabalhistas para evitar demissões. Os malditos receberam dinheiro do governo para equilibrar as contas e evitar demissões, mas mesmo assim demitiram funcionários – caso da GM, que nos anos anteriores teve recorde de produção e vendas, teve um lucro fantástico. Ontem ouvi o presidente da FIESP, Paulo Skaf, dizer que o governo precisa fazer mais para evitar o desemprego. Recitou a mesma ladainha de sempre, a mesma ladainha enjoada que gemia mesmo quando a economia do país estava bombando como nunca antes: taxa Selic mais baixa, redução da carga tributária, flexibilização das leis trabalhista. A propostas dos espertos é sempre a mesma: derrubar os direitos conquistados pelo trabalhador para que os lucros deles aumentem e a classe trabalhadora se enfraqueça; reduzir a carga tributária para enfraquecer o governo, para que o governo não tenha como investir nos programas sociais que beneficiam os mais pobres do país. Essa elite não quer nem ouvir falar em redistribuição de renda. Depois de ter visto e ouvido tantas mentiras, tantas manobras e invencionices dessa elite para tentar derrubar o melhor presidente que o Brasil já teve, eu fico pensando se essas demissões não seriam propositais – demissões políticas, para evitar que o presidente Lula faça seu sucessor em 2010.

Depois que os EUA invadiram o Iraque, deflagrando uma guerra que já matou dezenas de milhares de pessoas com base em uma mentira, de que Saddam representava um perigo mundial, de que tinha armas de destruição em massa, e uma parcela do mundo acreditou, eu não duvido de mais nada. A ganância pelo poder dessa elite, que se acha raça superior, é capaz de extremos de crueldade inimagináveis.

A elite de SP, dirigida por Serra, o Paulinho da Força Sindical – mais cagado que pau de galinheiro –, a FIESP e FECOMERCIO, ligado ao Afiff Domingos do DEM, firmaram acordos e vão dar o golpe no trabalhador. Redução de jornada e de salários é o principal ponto de discussão. Patrões e empregados pretendem negociar também a suspensão do contrato de trabalho (permitida hoje por cinco meses), férias coletivas e banco de horas. Na quinta-feira da semana que vem, o texto do acordo será apresentado como sugestão para que empresas e sindicatos das bases firmem os entendimentos por categoria.Entendem agora por que a elite e os donos da mídia querem tanto eleger Serra presidente? Para acabar com o direitos trabalhistas e aumentar seus lucros, ora.

Gostei da atitude do ministro Carlos Lupi, vai sugerir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que os bancos oficiais passem a exigir a manutenção de empregos como uma das condições para a liberação de crédito às empresas. Ele criticou duramente setores que receberam benefícios fiscais, como as montadoras de veículos, e mesmo assim estão demitindo.

O governo está dando isenções vultosas de impostos e abrindo mão de investimentos para salvar algumas empresas, então não é justo que elas continuem demitindo - disse Lupi. Não é uma atitude inteligente do empresário, que obteve altos lucros nos últimos anos, não distribuiu esses lucros ao trabalhador, e agora penaliza o trabalhador - prosseguiu o ministro. Depois de receber sugestões da União Geral dos Trabalhadores (UGT) para garantia do emprego nesses tempos de crise mundial, o ministro do Trabalho afirmou que a punição para alguns setores que receberam a ajuda oficial "é não dar mais crédito, porque não pode o governo colocar dinheiro do contribuinte para ajudar determinadas empresas, e elas continuarem com as demissões".


Jussara Seixas