terça-feira, junho 24, 2008

Tema da vitória ( F-1 )

Achei essa matéria interessante no site da Globo, ela fala sobre o hino da vitória que toca quando algum Brasileiro vence na F-1.

Por incrivel que pareça, ela foi tocada pela primeira vez para para o francês Alain Prost, quando venceu o GP do Brasil em 1984.

Vejam esse clip da abertura do mundial de 1984:




Neste clip tem a primeira vitória do Senna em Portugal, um ano depois e sem a música:



A Rede Globo aproveitou da desgraça para associar a música ao idolo. Também se não fizesse isso não sera a Globo, né?

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Eduardo Souto
Por Gisela Andreata

Eduardo Souto pode não ser muito conhecido do grande público, mas com certeza você já ouviu um de seus trabalhos. Autor do “Tema da Vitória”, composição que marcou tanto a carreira de Ayrton Senna, o músico bateu um papo com o site.

Atualmente trabalhando com jingles e fazendo alguns trabalhos com artistas como Kiko Zambianchi, Eduardo faz uma revelação. A música tocou pela primeira vez no GP Brasil de 84, na vitória de Alain Prost.

O que muita gente também não sabe ou não se lembra é que o “Tema da Vitória” embalou muitas conquistas de Nélson Piquet, mas só ficou famoso com Ayrton Senna. Orgulhoso de seu mais famoso trabalho o compositor só lamenta não ter conhecido o tricampeão pessoalmente. Confira a entrevista completa:

Como surgiu o “Tema da Vitória”?

Na época eu trabalhava na TV Globo e tinha essa função de fazer vinhetas. Surgiu então a idéia de sonorizar todas as etapas de uma corrida de Fórmula 1, desde o aquecimento, a largada até a vitória. Porém, o mais urgente era fazer uma música para as vitórias, não importava se fosse de um brasileiro ou não. Essa música foi pedida para ser tocada no GP Brasil de 84. O vencedor desse ano foi o francês Alain Prost.

Depois, com a ascensão do Nélson Piquet na categoria, a Globo passou a utilizá-la em cada prova vencida por ele. O curioso é que o Tema da Vitória só passou a ser conhecido com o Senna. O Piquet foi tricampeão e ninguém deu muita importância. Só com o Ayrton ela ganhou uma dimensão incrível.

Todo mundo me perguntava onde poderia encontrar a música e ela foi lançada em CD em 94, muito tempo depois.

Por que você acha que a música só ficou conhecida com o Senna?

Acho que foi pelo carisma dele, pelo estilo pessoal que ele tinha. Porque o Piquet foi um grande piloto e também tricampeão. O Senna reagia como o mais simples dos mortais, mas com uma obstinação fora do comum. Ele só pensava em vencer. Quando ele perdia, ele ficava alucinado. O Piquet não deixava isso transparecer tanto e era um pouco mal-humorado. O Senna significava a nossa luta de cada dia pela sobrevivência.

Você chegou a ter algum contato com o Ayrton Senna?

Infelizmente, eu nunca me encontrei nem falei com o Senna. Como todo mundo, eu tinha uma profunda admiração por ele e pela garra e obstinação que ele tinha. Sempre falo que o Nélson Piquet teve a mesma música de fundo e a música só ficou famosa com o Ayrton. Ela passou a ter a cara do Senna, passou a ser o tema dele. Ele vibrava com cada conquista, esbravejava quando tinha um problema. Eu me lembro de matérias com ele assoviando a minha música.

Você gosta de Fórmula 1?

Eu sempre acompanhei a F1 desde a época do Émerson Fittipaldi. E era um prazer enorme assistir às corridas do Senna e no final poder ouvir a minha música tocando para ele. Para qualquer artista, o reconhecimento do trabalho é a melhor parte.

Como foi a sua inspiração para fazer a música?

Eu gostaria de dizer que estava num lugar maravilhoso buscando inspiração para criar essa música. Mas não foi nada disso. Como eu fazia muitas vinhetas por semana, foi mais uma encomenda. Então, eu tive que criar na hora. Do momento do pedido até a hora de sentar no piano, eu fico pensando nisso o tempo todo. No banho, na hora do almoço e no trânsito.

Numa segunda-feira, cheguei ao estúdio cheio de sono e sentei no piano para compor. Às 9 da manhã saiu. Eu comecei com a famosa introdução e saiu tudo de uma vez. Às 5 da tarde estava tudo gravado e pronto.

”O Tema da Vitória” se tornou um cartão de visitas no seu trabalho? A música te trouxe reconhecimento?

Sem dúvidas. Principalmente na publicidade.Quando a música começou a fazer sucesso, recebi vários pedidos para que ela fosse utilizada em diversos comercias. Porém, naquela época a música era exclusiva da Globo. O que acontecia era que as agências passavam a me pedir para fazer algo parecido. Virou uma referência. O "Tema da Vitória” e do Rock in Rio foram os meus trabalhos de maior destaque.

Muitas pessoas acham que essa música tinha que ser só do Senna e não ser mais tocada. O Rubinho venceu ano passado na Alemanha e a música voltou a ser tocada. Qual a sua opinião?

Antes eu ficava em dúvida sobre esse assunto. Um pouco depois da morte do Ayrton começaram a pensar nisso. A Globo até me pediu para fazer uma música nova, mas eles não a utilizaram até o momento. O Senna marcou muito essa música.


http://redeglobo.globo.com/galvaobueno/index.html


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sábado, junho 21, 2008

Segurança: Como proteger sua conta

Devido à natureza aberta do orkut.com, as contas de nossos usuários podem ser comprometidas por esquemas de phishing, vírus e spyware. Felizmente, os usuários podem ajudar a proteger sua conta e sua identidade on-line de maneira rápida e fácil. Para começar, recomendamos as seguintes medidas de segurança:

1. Não compartilhe: não divulgue o seu nome de usuário, sua senha e informações pessoais, e altere a senha regularmente.
2. Não use scripts: nunca cole um URL ou script em seu navegador enquanto estiver conectado com o orkut.com, não importa o que ele disser que está fazendo. Não clique em links em e-mails que alegam ser do orkut ou do Gmail. Faça regularmente uma verificação de vírus, spyware e adware em seu computador.
3. Não divulgue: nunca insira seu nome de usuário e sua senha da Conta do Google em sites que não sejam do orkut.com ou outras propriedades do Google. Nunca marque 'salvar as minhas informações neste computador' quando estiver usando um computador compartilhado.
4. Evite postar dados pessoais confidenciais ou informações embaraçosas: mantenha seu endereço de e-mail ou imagens em lugares seguros.
5. Não confie em todos: as pessoas nem sempre são quem dizem ser. Tenha cuidado ao adicionar estranhos à sua lista de amigos. O orkut é uma ótima forma de fazer novos amigos, mas tenha cuidado ao revelar informações a pessoas que você nunca viu. Se você decidir encontrar-se com alguém fora do orkut, leve um amigo com você.
6. Saia quando terminar de usar: não se esqueça de clicar no link Sair na parte superior da página ao concluir sua navegação pelo orkut.

Você também pode restringir quem tem permissão para escrever em sua página de recados, comentar suas fotos, e ver seus álbuns, recados, vídeos, depoimentos, feeds e o perfil completo. Para isso, clique em configurações abaixo da foto do perfil, clique na guia privacidade e use os menus suspensos para definir as permissões de acesso.

Lembre-se de nunca informar sua senha a terceiros, inclusive sites que oferecem o envio de recados para seus amigos do orkut.com. Se você informar sua senha a alguém, recomendamos mudá-la assim que possível.

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O orkut.com não usa seu endereço de e-mail para nenhum outro propósito que não seja enviar convites e avisos sobre o orkut. Nós consideramos inconveniente a prática de spam e nos comprometemos em manter seu endereço de e-mail protegido. Além disso, nós nunca enviaremos e-mails de spam solicitando que você baixe algo ou nos envie informações pessoais, como o número e a senha de sua conta bancária. O orkut.com é um serviço gratuito, cuja segurança será preservada com a sua ajuda.

Conteúdo impróprio não será tolerado: ajude-nos a manter a proteção e integridade do orkut, informando qualquer conteúdo que viole os nossos Termos de Serviço usando o botão denunciar abuso nos perfis e nas comunidades.

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Como tenho muitos amigos que perderam suas contas no orkut, resolvi ajudar a divulgar essa informação.

quinta-feira, junho 19, 2008

LUCIA HIPPOLITO, A RETARDADA

Lucia Hippolito, aquela que diz que é cientista política, que é paga pela Globo para dar palpites infelizes sobre o governo Lula, não passa de uma retardada. Disse ela: "Quem será responsabilizado por esta tragédia, que mancha de sangue o Exército brasileiro e a democracia brasileira?" Ela está se referindo ao assassinato cruel de três jovens moradores no morro da Providência que foram entregues por militares do Exército aos traficantes do morro da Mineira para serem brutalmente torturados e assassinados por traficantes. Digo que ela é retardada porque esse fato isolado, praticado por um bando de facínoras fardados, não vai manchar o Exército de sangue. Mas o Exército está manchado de sangue, sim, pelo golpe militar em 1964, por ter derrubado um governo legítimo, eleito democraticamente pelo povo. Os membros do alto comando das Forças Armadas – Exército, Marinha, Aeronáutica – foram responsáveis pelos anos de chumbo, por torturas de patriotas, assassinatos de inocentes, falsos atestados de óbitos, cemitérios clandestinos, esquadrões da morte, desaparecimentos de pessoas, bombas terroristas para atingir pessoas a esmo. Eles acabaram com a democracia, com o estado de direito, com a liberdade e com a paz no Brasil. Condenar a instituição Exército hoje, que está prestando grandes serviços ao país, honrando a farda que veste, por causa de uns bandidos infiltrados – e eles se infiltram em todas as instituições –, e não lembrar o que o Exército fez em passado recente, quando manchou o país de sangue, é ser retardada. A Lucia Hippolito é uma imbecil, quer jogar sempre contra o governo Lula, contra o presidente Lula. Ela é pau-mandado da Globo, fala o que a Globo quer que ela fale. Retardada e ridícula.

Escrito por Jussara Seixas - Por Um Novo Brasil.

sábado, junho 14, 2008

Professores da rede estadual de SP entram em greve na segunda-feira.

Da Redação
Em São Paulo
Atualizada às 18:17

Os professores da rede estadual de São Paulo decretaram greve por tempo inderterminado a partir de segunda-feira (16). A decisão foi tomada na tarde desta sexta-feira (13) em assembléia na Praça da República, em São Paulo.

A assessoria de imprensa da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) informou que cerca de 30 mil pessoas estavam reunidas no local. Segundo a Polícia Militar, havia 2 mil manifestantes --"a Praça não comporta esse número de pessoas". Os professores fizeram também passeata até à avenida Paulista.

A categoria quer que o governador José Serra (PSDB) revogue o decreto 53037/08, publicado em Diário Oficial no dia 28 de maio, que impõe alterações nos encaminhamentos sobre remoção, substituição e contratação temporária. Na pauta de reinvindicações, eles pedem também a redução do número de alunos por sala, de até no máximo 35 estudantes.



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Depois do governo de São Paulo entregar cartilhas com a palavra ENSINO escrita com C, os professores resolveram entrar em greve.

" Acim não pode... açim não da!"

" Acim não pode... açim não da!"
PSDB paulista.

segunda-feira, junho 09, 2008

Governo abre 1.300 vagas para concursos com salário de até R$ 8.484

O Ministério do Planejamento autorizou a realização de concursos públicos para mais de 1.300 vagas. Os editais com os salários para cada uma das vagas e as datas de inscrição serão publicados posteriormente por cada uma das instituições.

A primeira autorização prevê 552 vagas para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Ministério da Fazenda, Ibama, Instituto Chico Mendes e Aeronáutica. Todos os órgãos deverão publicar editais dentro de seis meses. As remunerações iniciais são de R$ 3.921,15 para analista ambiental, vão a R$ 8.484,53, tanto para os cargos da CVM como para analista de Finanças e Controle do Ministério da Fazenda.

A CVM poderá ampliar o seu quadro efetivo com mais 31 servidores. O provimento deverá ser distribuído em dez vagas para agente executivo, 12 para analista e nove para inspetor da CVM.

O Ministério da Fazenda deverá abrir concurso para o cargo de analista de Finanças e Controle, com previsão preencher 80 vagas.

Para o Ministério do Meio Ambiente serão 400 vagas para analista ambiental, divididas em 200 para o exercício de 2008 e as outras 200 para 2009 (ingresso a partir de janeiro). O cargo oferecido destina-se ao Ibama e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Há também 41 cargos de professor de Magistério Superior do Comando da Aeronáutica, no âmbito do Ministério da Defesa. Os professores aprovados no concurso deverão ser encaminhados para a Academia da Força Aérea (13), o Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (2) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (26).

Mais 775 vagas

O ministério também liberou mais 775 vagas para a administração federal, parte delas para a substituição de terceirizados. A medida abrange o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

O Dnit poderá lançar concurso público dentro de seis meses para cem cargos de analista de Infra-Estrutura de Transportes.

Para a Anatel, serão 247 novos servidores para cargos que exigem níveis médio e superior de escolaridade: 69 vagas para especialista em Regulação, 75 vagas para analista Administrativo, 74 para técnico em Regulação e 29 para técnico Administrativo.

O concurso público da Funasa terá uma oferta total de 419 vagas. São 214 cargos de nível superior, para os quais poderão concorrer administradores, analistas de sistemas, arquitetos, arquivistas, auditores, biólogos, engenheiros, entre outros, e 205 cargos de técnico em Contabilidade e agente Administrativo, ambos de nível intermediário.

Já a Abin realizará concurso público para nove cargos de tecnologista da Carreira de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico. Os novos servidores farão parte do quadro de pessoal do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (CEPESC).

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domingo, junho 08, 2008

Revista Tucana "Veja" entrevista Marta.

Na primeira de uma série de entrevistas com os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, a atual líder nas pesquisas, fala de seus planos para a cidade, do que se arrepende em seu período à frente da administração municipal e por que se julga mais bem preparada que seus dois maiores adversários, o ex-governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab - Por Alessandro Duarte e Alvaro Leme - revista Veja São Paulo.

Após um encontro reservado com o presidente Lula, na última quarta-feira, Marta Suplicy deixou o Ministério do Turismo e anunciou oficialmente que é candidata à prefeitura da maior cidade da América Latina. Aos 63 anos, ela deseja voltar ao cargo que ocupou entre 2001 e 2004. “São Paulo é moderna, nervosa, agitada”, afirma.

“Precisa de alguém ousado, criativo e inovador.” Para concretizar seu sonho, terá de bater adversários de peso. Segundo pesquisa divulgada pelo Ibope na terça, a petista lidera a corrida com 30% das intenções de voto dos paulistanos. O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) aparece logo atrás, com 28%, e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) vem em terceiro, com 13%.

No último levantamento do Datafolha, publicado no dia 18 de maio, o resultado foi bastante parecido. Marta tinha 30%; Alckmin, 29%; e Kassab, 15%. Entre os três, ela também está à frente na medição da rejeição. Dos entrevistados pelo Datafolha, 31% dizem que não votariam nela de jeito nenhum (contra 27% de Kassab e 16% de Alckmin).

Embora ainda faltem quase quatro meses para as eleições e esse quadro possa se modificar, já ficou claro quem são os mais fortes candidatos no pleito, cujo primeiro turno vai se realizar em 5 de outubro. O segundo está marcado para 21 dias depois.


Nesta edição, Veja São Paulo apresenta a primeira de uma série de entrevistas com os três principais concorrentes. Marta recebeu a reportagem um dia antes de se desligar do governo, na sede estadual do Partido dos Trabalhadores, no Jardim Paulista. Durante uma hora e meia, ela falou sobre seus planos e tomou cinco xícaras de café com adoçante, servindo-se de uma garrafa térmica. “Antes de entrar para a prefeitura, não tinha esse hábito”, diz ela. “Hoje, bebo mais de dez xícaras por dia.”

À frente do Ministério do Turismo, no qual ficou por catorze meses, firmou um convênio de 1 bilhão de dólares com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), criou o programa Viaja Mais – Melhor Idade, que incentiva o turismo de pessoas acima de 60 anos, e deu início aos estudos sobre as necessidades das cidades-sede da Copa de 2014. Mas o momento que ficou marcado foi o da sugestão que deu para quem sofria com as conseqüências do caos aéreo. “Relaxa e goza”, disse. “Foi uma frase infeliz, pela qual pedi desculpas horas depois”, lembra Marta.


Psicanalista, nascida rica e educada em colégios freqüentados pela elite paulistana, ela tornou-se conhecida em 1980, quando apresentava o quadro Compor-ta-mento Sexual no programa TV Mulher, da Rede Globo.

Já naqueles tempos mostrava que não tinha papas na língua. Falava sobre orgasmo e masturbação com uma desenvoltura rara à época. No PT desde a década de 80, foi deputada federal entre 1995 e 1998, quando encabeçou projetos como a regulamentação do direito ao aborto e a parceria civil para pessoas do mesmo sexo.

Em abril de 2001, numa decisão que chocou parte dos paulistanos e de seus eleitores, divorciou-se do senador Eduardo Suplicy, político com imagem de bom moço e respeitado mesmo entre os não-petistas. Eles foram casados por 36 anos e tiveram três filhos – o advogado André e os cantores Supla e João.

Dois anos e meio depois, numa festança para 400 pessoas, Marta Teresa Smith de Vasconcellos – seu nome de nascimento – casou-se, de chapelão e vestido que deixava os ombros à mostra, com o franco-argentino Luis Favre, quatro anos mais jovem, quatro casamentos anteriores e uma vistosa rede de contatos na esquerda internacional.


Em seu mandato como prefeita, algumas de suas realizações foram a criação dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), a instituição do bilhete único – que permitia ao usuário do sistema de transporte público pegar, pelo preço de uma passagem, quantos ônibus quisesse em um período de duas horas –, a transferência de seu gabinete do mal-amado Palácio das Indústrias, no Parque Dom Pedro II, para o Edifício Matarazzo, localizado entre o Viaduto do Chá e a Praça do Patriarca, e a construção de duas polêmicas passagens subterrâneas sob a Avenida Faria Lima.

Com a desculpa de que os cofres haviam sido deixados em frangalhos pelos anos de administração Maluf-Pitta, avançou com gosto no bolso dos contribuintes. Em busca de recursos, criou as taxas do lixo e de iluminação, além de conseguir na Câmara a aprovação do IPTU progressivo.

Tentou a reeleição, mas perdeu para o tucano José Serra, que dois anos depois se elegeu governador do estado.


Quando não está cuidando dos preparativos de sua campanha, a sempre vaidosa Marta Suplicy costuma ir ao cinema (gostou de Um Beijo Roubado e detestou O Melhor Amigo da Noiva), ver os netos (tem quatro e mais um a caminho) e comer as receitas do marido, que costuma cozinhar para ela. “Ele faz um pot-au-feu (cozido francês) ótimo”, conta, com um indisfarçável brilho nos olhos azuis, antes de mais um gole de café, a essa altura morno.


Veja São Paulo – Por que a senhora quer voltar a ser prefeita?

Marta Suplicy – São Paulo precisa de uma nova atitude. Vejo minha cidade numa situação caótica no trânsito, com uma administração que não ousou o suficiente para atender a suas demandas. Creio ter as condições de dar respostas aos problemas gravíssimos enfrentados pelos paulistanos. Politicamente, tenho mais acesso ao governo federal, por ser do time do presidente.


Veja São Paulo – Qual é o principal problema da cidade hoje e como pretende enfrentá-lo?


Marta – Sem querer ignorar a situação difícil na saúde e na educação, diria que é o trânsito. O que pretendo fazer? Recuperar a capacidade de gestão da CET e ampliar o bilhete único, que pode ganhar duração semanal, mensal ou até anual. A longo prazo, construir mais corredores de ônibus e linhas de metrô. Para a Copa do Mundo de 2014, precisaremos de mais 260 quilômetros de corredores e 65 de metrô.

Veja São Paulo – A senhora foi prefeita por quatro anos. Não acha que tem parte da responsabilidade pelo caos no trânsito, que já era um problema na sua gestão?

Marta – Pelo contrário. Enfrentamos a máfia de dirigentes do transporte para reformular os contratos das empresas com a prefeitura. Havia ônibus com mais de dez anos e perueiros clandestinos enlouquecidos pelas ruas. Implantamos o bilhete único, que virou um modelo para todo o Brasil. Criamos 100 quilômetros de corredores, enquanto a atual administração construiu 7. Fizemos túneis importantes e um pedaço significativo da Radial Leste.


Veja São Paulo – A senhora cogita adotar medidas restritivas ao transporte individual, como o pedágio urbano ou a ampliação do rodízio?

Marta – Nossas propostas passam pelo lado oposto. Quero que quem usa o transporte privado se sinta atraído por um transporte de qualidade. Como, por exemplo, na Avenida Rebouças. Muitas pessoas que faziam aquele percurso de carro passaram a usar o ônibus, que é mais rápido. Quanto ao metrô, perdemos muito tempo. Estive recentemente na China e vi que são construídos 20 quilômetros por ano em Pequim. Precisamos implantar esse ritmo alucinante aqui e temos condições de fazer isso por causa do boom econômico. Mas, se tivéssemos hoje 10 bilhões de reais para investir no metrô, não haveria licitações prontas ou projetos. De que chamo isso? Falta de planejamento. Que nome posso dar?

Veja São Paulo – A senhora se compromete a não aumentar impostos como o IPTU ou a não criar outras taxas?

Marta – Vou diminuir as taxas. Já mandei um grupo estudar formas de reduzir a tributação para o cidadão paulistano. Não sei ainda que imposto será usado. A cidade vive outro momento, gente! Quando comecei minha gestão, São Paulo tinha dívidas gigantescas. A receita de que dispunha era metade da atual.


Veja São Paulo – Caso seja eleita, a senhora se compromete a cumprir o mandato até o fim?

Marta – Assinar papel com uma garantia dessas ficou desmoralizado na última eleição, não? Tenho idéia de, se eleita, pleitear um novo mandato. Oito anos. Em minha experiência como prefeita, vi que dei passos gigantescos no transporte, na saúde e na educação, mas não consegui chegar aonde poderia. Se é para entrar na briga, que seja para deixar uma coisa mais consolidada.

Veja São Paulo – Quer dizer que não deixaria o mandato para se candidatar ao governo ou à Presidência?

Marta – Mais que isso. Estou falando que penso em ficar oito anos na prefeitura.


Veja São Paulo – A senhora gostou, então, de ser prefeita?

Marta – É um trabalho estressante como nenhum outro. Não tem igual. Ao mesmo tempo, é muito gratificante perceber que você pode mudar a vida das pessoas.

Veja São Paulo – Por que a senhora acha que tem melhores condições de administrar São Paulo do que o prefeito Gilberto Kassab e o ex-governador Geraldo Alckmin?

Marta – Pelo perfil. São Paulo é moderna, nervosa, agitada. Precisa de alguém ousado, criativo e inovador. Se for ver o que o Alckmin fez como governador, não daria para aplicar nenhum desses adjetivos à sua gestão. O Kassab continuou, de forma muito modesta, o que eu havia iniciado. Não consigo lembrar de nenhuma ação inovadora e criativa que ele tenha tomado para solucionar os problemas vitais da cidade.


Veja São Paulo – Nem mesmo a Lei Cidade Limpa?

Marta – É um projeto importante, que foi iniciado em nossa gestão com a Operação Belezura. Kassab teve o mérito de implementar e dar uma dimensão para a cidade toda. Foi um bom projeto. Mas não vi nenhuma grande obra que não tenha sido iniciada no meu governo. A Ponte Estaiada Octavio Frias de Oliveira, que é uma obra muito linda, foi licitada por nós. Fizemos também a fundação e os pilares. A gestão Serra-Kassab limitou-se a dizer que era uma obra faustosa e cara. Interrompeu a construção, que só foi retomada quando as empreiteiras entraram na Justiça. Tínhamos pouco dinheiro e fizemos muito. Eles têm muitos recursos e fizeram muito pouco.


Veja São Paulo – Que projeto ou obra seria a marca de um novo governo seu?

Marta – Ainda é cedo para dizer. Estou começando a me debruçar nos problemas da cidade. Mas certamente será marcante a recuperação do transporte. E também a inclusão social. Enquanto o sistema público não consegue tirar uma criança da favela, que seja capaz de tirar a favela de dentro dela com uma escola que ofereça oportunidades. Vou investir em um centro para alavancar a formação dos nossos professores. E conseguir que os alunos fiquem mais tempo na escola, o que é um desafio gigantesco em São Paulo, em razão da quantidade de crianças. Como psicóloga e psicanalista, quero manter um olhar especial sobre as creches. Criança bem-cuidada nos primeiros anos de vida é a que vai ter oportunidades.


Veja São Paulo – Do que a senhora se arrepende de não ter feito em sua gestão?

Marta – Eu me arrependo de algo que fiz. Das taxas. Muito. Mas não havia recursos. Nossa administração foi bem difícil no começo, porque pegamos um momento pós-Maluf e Pitta. Uma cidade completamente depredada, em ruínas. As administrações regionais eram antros e não prestavam nenhum serviço. Criamos um plano diretor, o que não existia em São Paulo havia mais de dez anos. A folha de pagamento da prefeitura era feita a mão! Nós a informatizamos. Agora, olhando em retrospecto, eu me arrependo das taxas, sim. Apesar de termos boa intenção, a população já havia enfrentado aumento no IPTU e se sentiu penalizada. É paradoxal, pois fui a prefeita que menos cobrou impostos em São Paulo. Na minha gestão, 62% dos contribuintes passaram a pagar menos IPTU. Ao mesmo tempo, outros 31% tiveram aumento, e aí acho que a mão pesou.


Veja São Paulo – Por que os paulistanos não a reelegeram?

Marta – É uma questão que me coloquei muitas vezes. Acho que cometemos erros de verdade, como a tributação. E as pessoas acreditaram na proposta do outro, que prometeu fazer melhor o que a gente já fazia.

Veja São Paulo – Também havia e há, segundo as pesquisas, rejeição à sua imagem. Como pretende contornar isso na campanha?

Marta – Acho que você amadurece, em primeiro lugar. E acredito que as pessoas, depois de quatro anos, tenham avaliado melhor a posição que assumiram naquele momento. O machismo também pesa.


Veja São Paulo – Alguns analistas creditam parte dessa rejeição ao fato de a senhora ter se separado do senador Eduardo Suplicy e se casado com o franco-argentino Luis Favre. Acredita que isso possa pesar na campanha deste ano?

Marta – Foi um item a mais num caldeirão que se colocou contra mim, mas não teve peso substancial. Hoje, a maioria das famílias tem alguém separado. Senti falta de pessoas que falassem em meu favor. Que vissem como ato de coragem uma pessoa se apaixonar e, em vez de levar uma vida paralela, assumir e prestar satisfação à sociedade. E, inclusive, se casar. A maioria dos políticos não se porta assim. Fui coe-rente com minha vida e minhas posturas.

Veja São Paulo – Nesta eleição, a senhora vai enfrentar outro problema em relação à imagem, a sugestão para os passageiros vítimas do apagão aéreo: “Relaxa e goza”. Como pretende lidar com essa questão?


Marta – Considero uma página virada, no sentido de que foi uma frase infeliz, pela qual pedi desculpas horas depois. Acho que a grande maioria da população entendeu a situação em que disse aquilo e me perdoou. Uma vida pública de vinte anos não pode ser destruída por uma frase infeliz. Eu me sinto tranqüila. Podem eventualmente usar isso contra mim, mas não creio que vá trazer votos a quem o fizer. E, depois, quem é que nunca disse uma frase infeliz?


Veja São Paulo – Qual é a melhor coisa de ser prefeita de São Paulo?

Marta – Poder fazer.

Veja São Paulo – E a pior?

Marta – O stress.

Veja São Paulo – O que São Paulo tem de melhor?

Marta – O povo.

Veja São Paulo – E o que tem de pior?

Marta – O trânsito.

Veja São Paulo – Qual foi o melhor prefeito que São Paulo já teve?

Marta – Em termos de pensar a cidade, Prestes Maia e Faria Lima. No que diz respeito à inclusão social, nossa gestão foi muito importante.

Veja São Paulo – Como concilia a carreira política com o tempo dedicado a marido, filhos e netos?

Marta – Todos sofrem e eu também, por não conseguir dar a atenção que gostaria, apesar de me desdobrar. Falo com meus filhos todos os dias. Eles às vezes me visitam em horários esdrúxulos, como à meia-noite. Sempre sei o que está acontecendo com eles. Acho que Eduardo (Suplicy) e eu conseguimos construir algo muito bom com nossos filhos. Perco várias gracinhas dos netos. Uma delas, a Laura, ganhou medalha na natação outro dia e eu não estava lá. Vou sempre aos aniversários e, de vez em quando, fazemos algum programa juntos.

Veja São Paulo – Como encontra tempo para se cuidar?

Marta – Não me cuido muito. Tento fazer esteira e algumas outras coisas, quando dá.


Veja São Paulo – Que coisas?

Marta – Prefiro não ficar detalhando. Quero voltar a fazer acupuntura.

Veja São Paulo – Incomoda-a quando comentam seu gosto para se vestir ou seu guarda-roupa?

Marta – Sou uma pessoa vaidosa, então não me provoca incômodo dizerem que estou bem-arrumada. Só quando isso vai além do que devia. É mais uma qualidade e um esforço do que qualquer coisa, mas devia passar despercebido. É “ça va sans dire” (algo como “dispensa comentários”, em francês). Quem está no serviço público precisa se apresentar bem porque é visto e fotografado o tempo inteiro. Mulher sempre paga um preço. Se aparece desarrumada, acham que está deprimida. Se demora a retocar a tintura do cabelo, a chamam de relaxada.


Veja São Paulo – Qual é sua maior tentação gastronômica?

Marta – Massas.

Veja São Paulo – A senhora cozinha?

Marta – Nunca fui boa nisso. O Luis, meu marido, é ótimo cozinheiro. Ele faz muito bem pot-au-feu (cozido francês), saladas, rosbifes, vitelas, coelhos e carnes. Tem também um prato de batata com bacon que adoro. Ele só não sabe fazer sobremesa, mas nem assim me estimulei a aprender.

Veja São Paulo – Vai muito ao cinema?

Marta – Pouco. O último filme que vi foi Um Beijo Roubado, que é bom. Na semana anterior, assisti a um outro que detestei, O Melhor Amigo da Noiva.

Veja São Paulo – E para ler, encontra tempo?

Marta – Toda noite. Acabei recentemente o livro da Maitê Proença (Uma Vida Inventada). No momento não estou lendo nada em português. Leio em inglês, francês e espanhol como uma maneira de praticar essas línguas.


Veja São Paulo – A senhora acha que tem uma imagem de arrogante?

Marta – Às vezes desconfio que sim. Algumas pessoas, depois de me conhecer, contam que me imaginavam muito diferente. Quando tento entender, vejo que era por me acharem arrogante. Mulher é assim: se é gentil e doce, classificam de incompetente. Se é firme e forte, chamam de arrogante. Se tem poder, então, vira insuportável. E você não pode exercer o poder se não for firme. É uma imagem que nós, mulheres, vamos ter de conquistar e mudar. As grandes líderes do século passado, como Golda Meir, Indira Gandhi e Margaret Thatcher, eram todas mulheres travestidas de homens. A geração do século XXI não quer isso. Políticas como Ségolène Royal, Cristina Kirchner e Michelle Bachelet são muito femininas. A Angela Merkel até pôs um decote ousado outro dia. Fui uma desbravadora, primeiro no programa TV Mulher, depois no exercício da política, pagando todos os preços nas duas experiências.


Veja São Paulo – Qual é sua maior qualidade?

Marta – Não tenho medo de pensar o novo. Estou sempre em busca de solução. Eu decido.

Veja São Paulo – E o maior defeito?

Marta – Impaciência. Quero tudo para ontem.

Veja São Paulo – Lê horóscopo?

Marta – Às vezes, mas não que eu abra o jornal para isso. Acho divertido.

Veja São Paulo – A senhora se identifica com alguma característica de Peixes, o seu signo?

Marta – Ah, eu choro muito. Em filme, livro… Durante a prefeitura, quase todo dia. Não houve uma visita a CEU em que eu não tenha chorado.

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quinta-feira, junho 05, 2008

Ela vai voltar!

A oposição e o seqüestro do futuro

O momento é por demais expressivo para, a partir dele, não fazermos pequenas reflexões. Retroagirmos a tempos recentes e deles extrairmos lições que precisam ficar vivas na memória é um exercício obrigatório. O que assusta a direita sem programa é um futuro que se anuncia por demais promissor para que seja efetivado. O triste é saber que quem a acompanha nessa marcha se julga vanguarda quando, na verdade, faz papel de coro para a tragédia do atraso.

O que estamos presenciando no Brasil sinaliza uma dinâmica que esboça o desenho do país nos próximos anos. Os ineditismos apontam para mudanças que sedimentam novas bases para o capitalismo brasileiro. Apurar a visão para compreender que só lograremos a hegemonia se não a concebermos como sistema formal fechado, totalmente articulado e homogêneo é um belo primeiro passo. Distribuições específicas de poder, hierarquia e influência não ocorrem em um cenário vazio de contradições e processos difusos. Perscrutar mudanças moleculares é fundamental para não perdermos o foco do que desespera o conservadorismo brasileiro.

Como ignorar que a alta no preço dos alimentos no Brasil foi inferior à registrada em outros países do mundo por contas de políticas públicas de apoio à agricultura familiar? Em matéria publicada no Globo (1/6), dois agricultores são precisos: "A situação hoje é mais confortável do que há seis, sete anos. Naquele tempo, pobre não entrava em banco. Quando entrava, a liberação demorava tanto que quando saía já havíamos colhido. Agora o dinheiro sai na época certa". Do que falam os homens do campo? Que a inflação está sendo combatida com garantia de abastecimento para o mercado interno. Isso é irrelevante? Para quem? E o que dizer de uma economia estabilizada, com inflação baixa e contas externas minimamente ajustadas? Em abril, 4,18 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo tinham carteira assinada no setor privado. Isso equivale a 46,5% do total de ocupados, a maior taxa de empregos formais desde abril de 1992, quando registrou 48%. Diante de tais dados, atribuir a popularidade do presidente e os índices de sua aprovação ao seu governo exclusivamente a uma liderança carismática não revela uma indigência analítica que mescla reducionismo e má-fé?

Não bastam os erros cometidos por "ciosos analistas" no início do primeiro mandato? A manutenção de alguns preceitos econômicos do bloco político anterior não poderia, jamais, ter embaçado a visão dos analistas mais atentos. O anúncio do aumento da meta de superávit primário em 2004 de 4,25 para 4,5% do PIB brasileiro refletia a preocupação do governo Lula com ajuste fiscal e controle da inflação. E o tempo que dita a sentença relativamente a tudo, conforme o filósofo pré-socrático, mostrou a justeza do caminho escolhido. Não há nenhum compêndio que definisse tal orientação como sendo uma inclinação à direita. De fato, não há registro na história do que venha a ser uma política macroeconômica de esquerda. Repetimos o que já afirmamos em outras ocasiões: em nenhum país ocidental, um governo de extração democrático-popular logrou reformular radicalmente mecanismos regulatórios dentro dos marcos capitalistas. A ruptura clamada pelos principistas de plantão, se não for acompanhada de ampla sustentação interna e cenário exterior favorável, não leva a outro caminho que não seja o da crise institucional. Tão ansiada pela direita desde o veredicto das urnas em 2002.

Sancionados pela ''boa consciência'' e amparados por uma verdade de vulgatas marxistas, certos "críticos supostamente à esquerda" acabam por se deixar instrumentalizar pela direita que, através do comportamento inconseqüente de seus supostos opositores, consegue consagrar a ordem do capital financista como a única realmente factível. Eis o que o esquerdismo tem conseguido ao longo da história: legitimar o que pretende combater. O purismo não leva Marília ao encontro de Dirceu. Acaba por jogar Heloísa nos braços de Virgilio. Ou se preferirem, de Agripino Maia. Prudência na política cambial, avançar na reforma agrária, na administração do superávit primário e, quando for necessário e, acima de tudo possível, renegociar com organismos multilaterais a partir de uma posição de bloco regional, são imperativos históricos. E já passou da hora de reconhecer que esses passos têm sido dados com firmeza.

No entanto, urgia reconstruir a nau para a travessia desejada. São áridos os caminhos que nos levarão a conseguir defender as demandas nacionais com estratégias econômicas distintas. Tal como destacou o professor José Luiz Fiori, ''os países mais fracos só conseguirão defender os interesses do seu capitalismo, bem como os de sua população, se forem capazes de construir suas próprias estratégias comerciais, junto com políticas macroeconômicas adequadas ao seu nível de desenvolvimento e aos seus objetivos nacionais''. Para tanto, não se pediam etapismos, mas compreensão do tempo histórico. Por que o radicalismo pequeno-burguês da classe média brasileira, tão indulgente nos quatorze anos de desmonte do setor produtivo, se mostra tão irascível com um governo que mal completara três anos? Senso de urgência histórica ou arrivismo de ocasião? Deixemos claro que são alternativas que não se excluem.

Se alguém ainda insistia na tese de continuísmo entre o governo anterior e o atual, deveria perscrutar gestos que sinalizavam inequívoca inflexão. Amplamente noticiadas, pouco analisadas na sua real significação, as relações entre o Planalto e atores dos principais movimentos e entidades que lutam pela inscrição como sujeitos de direito, setores secularmente excluídos, eram sinais de uma revolução molecular que se iniciava. A forma como o governo tem interpretado greves e manifestações de várias categorias profissionais é inédita na história do país. Um movimento reivindicatório do mundo do trabalho já não era percebido como ameaça à institucionalidade. Não era subjugado em nome do conceito etéreo de governabilidade. Não era sufocado por razões de Estado ou ditames mercantis. E nada havia se alterado para quem não se dispõe a enfrentar a realidade de frente.

O que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou foge ao figurino traçado, até então, pelas elites encasteladas no aparelho de Estado. Ao invés de enxergar na paralisação dos bancários, em 2004, uma disfuncionalidade a ser corrigida, nela viu a afirmação da democracia entendida como espaço político de solução de conflitos. ''Os trabalhadores fizeram sacrifício quando tinham que fazer. E na medida em que o banco anuncia ganhos muito bons é natural que queiram recuperar suas perdas''. A essa declaração, Lula, na época, acrescentou: ''Acho o exercício da democracia fantástico''. Essa já era uma prova que o atual governo fazia, como dele se esperava, uma leitura política da economia. Ponto para um dirigente que sempre entendeu que a guerra é de posição. O que tinham a dizer os seus detratores? Nada. O pessimismo na inteligência se somado ao otimismo na ação leva Marília a Dirceu. A grita pueril de senhores que gostam de impressionar platéias estudantis termina com Heloísas no colo de Virgílio ou Agripino. O último tipo de casal não costuma gerar filhos pródigos.

Na mesma edição de O Globo, matéria de página inteira se dedica a destacar que "a cara da economia brasileira poderá mudar na próxima década, diante da possibilidade de o país dispor de reservas gigantes de petróleo". O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Nélson Barbosa, afirma que "é como se a União ficasse mais rica. Ela passa a ter mais ativos. Isso aumenta as receitas de petróleo e também o primário, o que contribui para o bem e o mal". Por isso, quando lemos que "Índio da Costa pedirá indiciamento de Dilma e Aparecido" ou que o "DEM fecha questão contra CSS" não estamos, apenas, diante de chamadas que expõem a agenda eleitoreira da grande imprensa para as próximas eleições presidenciais. Mais que isso. O que está sendo orquestrado é o butim de uma herança bendita. Um seqüestro do futuro que as forças progressistas devem impedir a todo custo. Escrito por Gilson Caroni Filho - Fonte: PT.

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