terça-feira, abril 08, 2008

TERCEIRO MANDATO

Por (Eduardo Guimarães)


A mídia e a oposição tucano-pefelista (como vocês sabem, considero uma heresia chamar o PFL de "democratas") entraram em pânico com recente declaração do vice-presidente da República, José de Alencar, de que muitos brasileiros querem que Lula continue a governar o país depois de 2010. E também fizeram campanha contra a pretensão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de aprovar um projeto de reforma constitucional que lhe permitiria candidatar-se outra vez à reeleição. Em ambos os casos, os grandes meios de comunicação, o PSDB e o PFL, sempre juntos, produziram incontáveis matérias jornalísticas qualificando re-reeleições como "golpismo".

No caso de Lula, a coalizão tucano-pefelê-midiática só se acalmou depois que o presidente produziu veementes discursos contrários à obtenção de um terceiro mandato, mesmo sendo através de plebiscito. No caso de Chávez, a artilharia contra um seu terceiro mandato só amainou depois que o venezuelano foi derrotado no referendo à reforma constitucional em seu país. Eu mesmo, cheguei a considerar que um terceiro mandato para Lula atentaria contra a democracia. Porém, comecei a ser perseguido por dúvidas nessa questão. O que tem acontecido no país neste ano, com a desvairada ofensiva midiática para ferir de morte a suposta candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, tem me mostrado que, em termos de atentado à democracia, os inimigos de um terceiro mandato para o presidente da República na mídia e na oposição podem dar aulas. Mas não é só essa campanha antidemocrática da mídia e da oposição para difamarem uma mulher como Dilma, só porque acham que ela poderá ser o "poste" que Lula indicará para concorrer à sua sucessão, que me gerou dúvidas quanto a um terceiro mandato para o presidente configurar atentado à democracia.

Não entendo por que essa aversão da mídia e da oposição a mudança das regras do jogo com este em andamento, como seria um presidente permitir que seus aliados no Poder Legislativo propusessem mudança constitucional que lhe facultasse concorrer a outro mandato. Não entendo isso simplesmente porque, quando Fernando Henrique Cardoso apresentou a emenda da reeleição em 1997, a mídia, os tucanos e os pefelês não falaram em "golpismo". E tampouco estão falando disso num momento em que o partido do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, apresenta ao TSE colombiano 260.864 assinaturas pedindo que ele possa se candidatar a um terceiro mandato e o beneficiário da iniciativa, aplaude. A conclusão que inevitavelmente tem-se que extrair da conduta tucano-pefelê-midiática é a de que as regras "democráticas" que querem para Chávez ou Lula não foram as mesmas para FHC, para Alvaro Uribe e - lembro em boa hora - para o ex-presidente e delinqüente de extrema direita peruano Alberto Fujimori, que, no passado, arrancou um terceiro mandato para si sem que a mídia, o PSDB e o PFL dissessem um A.

Obviamente que não depende de minha vontade ou opinião Lula permitir que seus aliados no Congresso proponham reforma da Constituição que lhe permita re-reeleger-se. E o próprio presidente repudiou com veemência essa possibilidade. Porém, a mesma veemência de Lula foi usada pelo governador José Serra, em 2004, quando prometeu que se os paulistanos votassem nele para prefeito ele permaneceria no cargo até o fim de seu mandato. Serra rompeu o compromisso e a mídia, o PSDB e o PFL aceitaram o rompimento com uma docilidade "comovente".

Bem, eu estava hesitando em publicar este post, porque não tinha certeza de que esse seria um bom caminho para o país, mas num momento em que essas forças do atraso que são o PSDB, o PFL, a Veja, a Folha, o Estadão, os Globos e congêneres mostram que tentarão destruir qualquer candidatura que o PT e Lula propuserem, tudo muda de figura. Acho, portanto, que Lula e seus aliados deveriam considerar que, se é para enfrentar a sabotagem da mídia tucano-pefelista a qualquer candidatura petista que ameace se fortalecer, que essa candidatura seja a do presidente. A partir de agora, portanto, passo a defender que os aliados de Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso apresentem ali proposta de um plebiscito no qual os brasileiros decidirão se querem ou não que o presidente possa disputar a própria sucessão em 2010. Essa é a minha nova opinião sobre esse assunto, mas gostaria de conhecer as opiniões de vocês.

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