segunda-feira, julho 21, 2008

Livre-comércio para quem?


A imprensa brasileira classificou como “deslize diplomático” a frase do chanceler Celso Amorim sobre a posição dos países ricos na Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio. Amorim comparou a argumentação desses países em defesa do “livre-comércio” à tática usada pelo ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels: “Desculpem-me por citar o autor. Goebbels dizia que, se alguém repete uma mentira várias vezes, ela se torna realidade”. O contexto da frase: os países ricos estão pressionando os demais a aceitar uma maior liberalização do comércio como forma de enfrentar a crise de alimentos no mundo e de diminuir os índices de fome e de pobreza.

A organização ActionAid classificou a posição dos países ricos como “conversa para boi dormir” e defendeu que, no cenário atual, “nenhum acordo é melhor que um acordo ruim”. A atual proposta de Doha, diz a organização, distorce o mercado a favor dos países desenvolvidos. “De acordo com o rascunho do texto de julho, o mais recente, a maioria dos países em desenvolvimento teria que cortar em média 60% em tarifas de produtos do setor industrial enquanto que os países desenvolvidos teriam que reduzir suas tarifas em menos de 30% em média”.

Na mesma direção, o presidente da Bolívia, Evo Morales, divulgou artigo defendendo que as negociações na OMC converteram-se num combate dos países desenvolvidos para abrir o mercado dos países em desenvolvimento a favor das suas grandes empresas. No início do século XXI, defende Evo Morales, uma “Rodada para o Desenvolvimento” já não pode ser de “livre comércio”, mas sim tem que promover um comércio que contribua para o equilíbrio entre os países, as regiões e com a natureza.

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