"Caos aéreo" é balela

Texto reproduzido do Blog de Eduardo Guimarães. Transcrevo-o aqui porque achei perfeita sua argumentação e concordo em gênero, número e grau. A parcialidade da midia chega a dar nojo até em urubu. É muito doloroso ver a sociedade ser ludibriada desse jeito.
Na minha opinião tudo isso que vimos dia a dia não passa de devaneios descabidos.



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Não me canso de dizer que esse "caos aéreo" alardeado pela mídia é balela, e continuarei dizendo mesmo que perdure a censura que essa mesma mídia está impondo aos que tentam alertar a sociedade para o grotesco espetáculo circense dos meios de comunicação no que tange esse assunto. A mídia está simplesmente tentando inflar o discurso da oposição, que continua apostando nesse factóide para, se não conseguir comover as camadas populares, ao menos manter as classes A e B revoltadas contra o governo. Para isso está em curso uma escalada da mídia. Na terça-feira à noite, no Jornal da Globo, Arnaldo Jabor fez um ataque descontrolado contra o governo. Insultou do presidente ao contínuo do Palácio do Planalto. E mentiu. Muito. A posição da mídia é a de boicotar qualquer opinião discordante da teoria de que está em curso neste país um "caos aéreo". E de verter uma torrente de notícias sem conexão umas com as outras de forma que, juntas, passem ao público a impressão de que tudo o que acontece nos aeroportos em termos de atrasos de vôos, decorre de má administração do sistema aeroportuário e de controle de tráfego aéreo. Qualquer casinho de atraso vai para o palanque. Volto a lhes dizer que sou um usuário altamente constante de aviões. E como não vôo só no Brasil, sei que aeroportos são um prato cheio para se colher problemas. Há algumas semanas eu lhes contei o caos que enfrentei nos aeroportos de Quito, no Equador, e em Panamá City, no Panamá. Fiquei esperando horas pelo meu vôo em ambos os aeroportos.

A aviação comercial está sujeita a muitos problemas. "Overbooking", problemas climáticos, panes diversas... É inesgotável o manancial de problemas que podem surgir nas rotas comerciais aéreas, tanto em terra quanto no ar. Você vê na TV aquelas imagens de gente dormindo em aeroportos do país. É uma cena absolutamente normal em qualquer lugar do mundo. Em qualquer parte as pessoas têm essa mania de se estirar no chão de aeroportos enquanto esperam seus vôos.

A mídia conta com o enorme desconhecimento dos brasileiros sobre aeroportos. Provavelmente uns 90% dos brasileiros jamais subiram num avião, e um contingente enorme nunca deve nem sequer ter pisado num aeroporto. Assim, imagens comuns de filas e de pessoas cansadas em aeroportos podem ser apresentadas como exclusividade brasileira, mesmo que tais cenas se repitam em todas as partes do mundo, inclusive nos países ricos, como já pude constatar muitas vezes.

Houve e está havendo um problema um pouco maior no Brasil. São problemas localizados e decorrem de vários fatores até meio estranhos. Mas daí a ser admissível fazerem esse escarcéu todo, vai uma grande distância. Estão fazendo o público de trouxa.

Mas Lula ajuda seus detratores quando fica dando reiteradas declarações de que não vai mais aturar atrasos nos vôos etc, etc. Ele deveria vir à TV mostrar a rotina dos aeroportos de toda parte, deveria admitir que o problema às vezes tem aumentado fora do normal e deveria ter garantido que medidas estão sendo tomadas para diminuir o desconforto dos viajantes. Fazer o jogo da mídia não fará com que ela o aceite.

Todavia, é doloroso ver a sociedade ser ludibriada desse jeito. É doloroso quando homens, mulheres e crianças que têm que viajar horas todos os dias em ônibus superlotados, que atrasam, que quebram, que são assaltados, incendiados etc, têm que ver uns Mauricinhos, umas Patricinhas, uns doutores e umas madames entediados e histéricos devido alguns minutos a mais de espera tomando cafezinho em aeroportos refrigerados.