segunda-feira, junho 04, 2007

Vereadores de Ribeirão aderem a blogs e Orkut

Em tempos em que a Internet cria novos meios de comunicação e a legislação eleitoral aponta para tendências de restringir as campanhas de marketing político, vereadores de Ribeirão Preto criam sites pessoais, blogs e aderem ao Orkut, a mais popular rede de relacionamentos virtuais no Brasil. Dos 20 parlamentares da Casa, Alessandro Firmino (PSDB), Silvana Resende (PSDB), Jorge Parada (PT), Beto Cangussú (PT) já tem perfis no Orkut, alguns mais atualizados outros menos “gerenciados” por seus donos. Jorge Parada se enquadra nesse segundo grupo.
“Meu perfil no Orkut eu vejo pouco, na verdade. Eu acho que é preciso mais tempo para ver os recados que num site, num blog, acredito que eu deva ver os últimos recados e encerrar meu perfil”, declarou o vereador. No mesmo site de relacionamentos, um ex-assessor parlamentar do vereador criou uma comunidade, dedicada a discutir ações políticas do petista.

Atenção
Presidente do diretório municipal do PT em Ribeirão Preto, Parada é mais atencioso com seu blog, criado no final de 2006. “O blog me dá um retorno muito bom. Eu sinto que é um público diferenciado, mais interessado em dar sugestões, em fazer críticas à minha atuação na Câmara. Quase não recebo pedidos, é muito diferente das solicitações que temos nos gabinetes”, declarou. O blog, uma espécie de diário eletrônico na Internet, ficou dois meses parado e foi reativado cerca de três meses atrás. “Agora, nesses últimos dois meses, tivemos uns 800 acessos. No blog antigo, tivemos aproximadamente 2 mil. Então, é um número significativo que faz do blog um instrumento político importante”, disse.

Sem controle
Se o conteúdo disponibilizado em sites pessoais e blogs pode ser melhor controlado por seus criadores, não se pode dizer o mesmo do Orkut. O site é um espaço de livre expressão por excelência. Silvana Resende, por exemplo, tem além de sua página pessoal, outras duas comunidades, uma favorável à sua atuação e outra explicitamente contrária. “Eu Odeio a Silvana Resende” foi criada pelo petista Getúlio Gaeta da Silva, 23 anos. “Eu fiz a comunidade porque fala do PT, fala de todo mundo, mas não olha o próprio partido, que também erra”, disse. Entre os tópicos para discussão colocados na comunidade contra a vereadora, está o episódio da privatização da antiga Companhia Telefônica de Ribeirão Preto (Ceterp), ocorrida no governo de Luiz Roberto Jábali (PSDB). “Esse era um patrimônio muito importante do município e que foi vendido, em parte, com o apoio dela”, declarou Silva.
Ao ser informada sobre a comunidade criada para criticá-la, Silvana Resende demonstrou surpresa, mas logo disparou:
“Ser uma pessoa pública faz com que a gente tenha pessoas concordando conosco e não concordando. O que eu acho importante e procuro fazer é ter sempre uma posição política bem definida sobre as coisas”, afirmou. Por enquanto, a comunidade criada pelo crítico petista ainda não demonstra grande popularidade. Apenas três membros, contando com o próprio Getúlio Silva, aderiram a ela.

Pró Silvana
Menos tímida é a comunidade pró Silvana, da qual participam 17 membros. De seu perfil no Orkut, Silvana reconhece cuidar pouco. “Acho o Orkut menos prático, menos objetivo, demanda mais tempo de manutenção. Como as pessoas que estão lá não navegam só a trabalho, dou mais prioridade, mais urgência, na verificação dos e-mails que chegam pelo site”, declarou.
Segundo Silvana, foi ela a primeira integrante da Câmara a criar um site pessoal logo no início de seu mandato, em 1997.
“É uma ferramenta muito importante, por dois motivos: para dar transparência, prestar contas de certa forma à população, e para o eleitor ter contato com o vereador. Ele pode escrever, contar sua história, reclamar, sugerir, o que muitas vezes ele não consegue fazer telefonando no gabinete”, afirmou. De acordo com a tucana, o tipo mais freqüente de mensagens eletrônicas que chegam pelo site são solicitações de munícipes pedindo providências à prefeitura. “São solicitações de uma maneira geral. Pedido para conserto de buracos, pedidos para melhoras no bairro”, disse. Questionada sobre o uso eleitoral da Internet, a vereadora se demonstrou otimista. “Acho uma ferramenta importante sim, mas não para quem quer aparecer de última hora, na boca da eleição. Tem que ser um trabalho construído ao longo do tempo, para que as pessoas conheçam o trabalho do vereador. Porque muitas vezes fazemos coisas positivas e a imprensa não divulga. E eu não tenho como pagar jornaizinhos [pessoais] todo mês, pagar matéria para ser divulgada nos veículos. A internet, embora nem todos tenham acesso, é um meio barato”, declarou.

Concordância
Nesse ponto, o petista Beto Cangussú, concorda com a tucana. Na era digital, quem não aderir aos meios eletrônicos pode perder espaço na política.
Por isso o vereador mantém ativo seu perfil no Orkut, responde recados pró e anti-petistas em comunidades ligadas à política, e tem site pessoal desde que chegou à Câmara, sete anos atrás. “O Orkut é uma ferramenta de discussão maravilhosa. Estamos com o Orkut bloqueado na Câmara, por causa de alguns excessos que foram cometidos, então estou acessando menos. Acho que o perfil do Orkut é mais da juventude, quem entra são os mais jovens, também os militantes de movimentos sociais ligados à terra, à infância, para debater temas sobre políticas públicas. Já no meu site, eu recebo e discuto mais questões ligadas à minha atuação na Câmara especificamente”, afirma.

Gabinete virtual
Apostando no sucesso do Orkut, um assessor do vereador Marinho Sampaio (PMDB), Ricardo Manreza, 33 anos, criou uma comunidade essa semana chamada “Pedidos para o Vereador Marinho Sampaio”. Por enquanto, somente ele a integra e nenhuma solicitação foi endereçada ao vereador. “O Marinho ainda não sabe, vai ser surpresa para ele. A idéia foi minha de bolar a comunidade”, contou. Andar pela cidade recolhendo pedidos da população é justamente o que Manreza faz mais. “Eu tenho a minha agenda com nome, telefone, e os pedidos das pessoas para o vereador”, declarou.


Jornal A Cidade - POLÍTICA

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